Ensaios do tudo e do nada

E também alguns mini contos prodigiosos

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A certeza de alguém que não se deixa-se levar….

Tive uma vez uma namorada, uma companheira fugaz de vida esperanças e dores, que amava. Que amava mesmo. Acho… Que amava como se ama a nós próprios. Como se ama a nossa carne. Como amamos mais que nós próprios. Como amamos o desejo de nos transcendermos e sermos mais do que supostamente deveríamos ser… E chega. Não preciso dizer mais nada sobre quanto a amava. Para quê? Utilizaria mil palavras estilos e formas e não conseguiria dizer o que realmente quero dizer. Por isso vou-me sujeitar à palavra: Amava uma mulher (jovem adolescente) que foi minha namorada. E quando uma vez me perguntaram ironicamente: - depois de ter dito: aqui neste gimnodesportivo está ela a jogar Volei – mas é a tua namorada ou a rapariga em que pensas quando bates punhetas? -, e eu respondi, na minha inocência e orgulho dos 16 anos e poucas experiências sexuais: - é a minha namorada e em quem eu penso quando bato punhetas- disse tudo.

O problema é que não sabia isso. Era burro para o futuro. Burro não! Era ignorante. Não sabia que haveria poucas ou nenhuma como ela… E não foi o meu primeiro amor… O problema é que achava que era atraente que poderia ter as mulheres que quisessem. Quem me apetecesse. E era tímido hem!!! E não percebia que não é uma questão de quantidade. Acho que precisava de descobrir outras mulheres. Não estava maduro para o amor. O amor é uma questão de amadurecimento igual. De visionamento idêntico. Olhamos para uma brecha do espelho do futuro, do presente e do passado e vemos a mesma projecção pronta a ser colhida pelo contrato estipulado.

Já amei muitas mulheres mas por uma razão ou por outra o romance não continuou. E fui-me com o coração despedaçado. Muitas vezes sem elas o perceberem sequer… “Santa Ignorância!”. Sou caranguejo. Que mais posso dizer?! Já viram um caranguejo? Com a sua carapaça dura a proteger um interior mole e facilmente sofrível. É assim que os caranguejos são! Duros e escondidos para proteger o sofrível.

Mas esta namorada era especial. Ainda me lembro a primeira vez que a vi:
Estava na escola secundária a acabar uma aula de programação informática. Daquelas aulas que por apelar à criatividade existe uma certa liberdade… e como que uma voz me sussurrou à alma e disse: - olha. E eu instintivamente olhei. Ali estava ela! Bela como só as flores o são na primavera. Mas não vi a sua beleza. Acho isso agora… ou achei depois…

Cabelo preto encaracolado em saca-rolhas, lábios carnudos (não em demasia) e suaves. Simetria perfeita nuns olhos castanhos verde azeitona que me olhavam com brilho e ternura… A bela musa do mediterrâneo! A mais bela mulher que meus olhos alguma vez alcançaram… tirando a minha mãe claro! Pensando nisso acho que a minha mãe tem uns olhos iguais. Os olhos típicos de algumas das mulheres mediterrânicas. Castanhos, mesmo pretos se tristes ou chateadas e verdes azeitona brilhantes quando alegres ou calmas naquela calma de plenitude ascética.

Quando olhei não vi mais nada que uma luz. A Aura se assim se pode chamar. E nada mais vi à volta. Fiquei cego para tudo o que me rodeava e poderia o universo inteiro ali acabar naquele instante que eu não o conseguiria ver e desapareceria talvez com uma última imagem. O da aura de minha amada. E ali estava ela sorrindo para mim com um brilho no olhar que só os apaixonados conseguem ter.

Quando finalmente a consegui namorar era o homem mais feliz do mundo. Que todos fossem como eu que não os invejaria. Que nada tivesse para comer que mesmo assim não invejaria o dono de palácios. Tinha a única coisa que queria ter: - o amor da mulher que amava.

O resto não conto… digamos que não é minha namorada há muitos anos. Jogos palacianos que se aproveitaram da minha facilidade em ser levado pelas mulheres, naquela época. Sim porque são as mulheres que levam os homens e não o contrário. Os homens só se deixam ir ou não. Mas eu deixava-me e havia outro que a amava. Ela preferiu a certeza de alguém que não se deixa-se levar….

Espero sinceramente que esteja feliz.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Segundo (o tempo e a poesia da existencia) segundo

O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.

O segundo é 1/1296000 do círculo. O segundo é uma bola de futebol a 51.5km ou 206265 vezes o seu diâmetro ou 360*60*60/2Pi o diâmetro da bola de futebol. Mas este já é um arcseg ou arco-segundo ou segundo de arco.

Este segundo segundo, segundo o parsec, é o que dá o entendimento da paralaxe anual, sendo a medida do seu diâmetro angular. É a distancia a que os extraterrestres (que nós ainda não conseguimos) vêem a Terra e o Sol se estiverem a 3,6 anos-luz . Por exemplo, a estrela mais próxima Alfa Centauri, tem uma paralaxe de 0.750". Portanto, ela está a uma distância de 1/0.750=1.33 parsecs ou aproximadamente 4.3 anos-luz.

A paralaxe é a alteração da posição angular de dois pontos estacionários relativos um ao outro como vistos por um observador em movimento. De forma simples, paralaxe é a alteração aparente de um objecto contra um fundo devido ao movimento do observador. Mas os três objectos estão em movimento só que a medida é o movimento entre si de dois desses objectos para com o terceiro que os observa.

Retomando o primeiro segundo temos então que a transição observada entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133 só é possível porque o observador se movimentou igualmente. De outra forma temos então que a transição para o observador acaba por não existir já que um objecto depende do outro que por sua vez também se movimenta fazendo com que pareçam lentos ou rápidos consoante a velocidade de movimento do observador.

Não esqueçamos que tudo isto dentro do movimento de expansão do Universo (se for verdade). Ou seja se o tempo depende do movimento então um movimento maior ou menor que o movimento do tempo vai fazer o quê? Ir ao passado e ao futuro? Mas se ainda ou já lá não estão porque ou ainda não se movimentaram ou já se movimentaram? Mas fica outro átomo em princípio. Ou ficará o vazio e quem se atrever a ser mais ou menos rápido que o tempo fica no vazio? Mas e que é o tempo? É movimento sim por isso é que há o primeiro momento e o segundo momento ( a partir de aí são tudo derivações para mais ou menos infinito). Mas que pergunto é que movimento é esse? Qual o limite da rapidez para ultrapassarmos o tempo? Porque se há movimento há rapidez de movimento. Se não existir rapidez de movimento não há tempo. Ou então o tempo não é movimento e é estático e nós é que nos movimentamos dentro dele. Mas se somos nós que nos movimentamos dentro do tempo então conseguimos ir para tempos diferentes. Suponho.

Bem não cheguei a conclusão nenhuma. Vou parar que não tenho conhecimentos suficientes para continuar. Acho que um dia vou estudar física. Quando tiver por aí uns 100 anos. Isto se o tempo existir… Não vou começar...

Isto tudo porque achei poética a definição de segundo. Vá-se lá saber ao que não nos leva a poesia… Ao inicio/fim dos tempos suponho.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sobre o cagar (ou breve introdução à problemática axiomática da libertação dos instintos primário – Eh!Eh! Não sei porquê gosto destas palavras difíceis! Fazem-me parecer inteligente!)

Ora o que se me oferece dizer ou escrever sobre o cagar?! “Cagar é fixe o fodido é limpar o cu!” Por acaso não fui eu que inventei esta mas subscrevo completamente. É o que sinto. Pelo menos quando cago! Eh!Eh! Mas dissecando tão nobre e erudita expressão - apesar da linguagem vernacular que pode eventualmente ferir algumas susceptibilidades mais susceptibilizáveis pois provavelmente nunca cagaram – porque é então tão fixe cagar? Às vezes quando tou a cagar ponho-me a pensar nisso. E a conclusão a que muitas vezes chego (pois depende se me soube bem ou não) é que cagar é fixe porque nos estamos precisamente a cagar! Isto claro se não tivermos nenhum problema em cagar ou no cagar! “É aquela sensação de absorção ao contrário!” - Esta expressão também não é minha! Eu até punha o nome dos autores destas pérolas de sabedoria entre parêntesis mas não sei quem foi que chegou a tão sapientes conclusões! - É um momento só nosso em que nos libertamos de tudo o que não nos é necessário! Estamos connosco e para nós! Um dos eufemismos que mais gosto de utilizar quando vou cagar é: “Vou ali fazer uma coisa que mais ninguém pode fazer por mim e já venho!” e com isto digo tudo no que respeita ao cagar, porque posso estar a dizer tudo no que respeita a muitas outras coisas. Na hierarquia dos instintos (necessidades - que eu estudei economia! Ora essa!) encontram-se vários ao mesmo nível e para os quais o eufemismo utilizado assenta que nem uma luva! Ah já agora para os mais susceptíveis, que conseguiram chegar até aqui, podemos sempre utilizar uma linguagem mais elaborada do tipo: “Obrar é quase sempre um prazer o que me faz uma certa impressão é a chatice de limpar o ânus!” ou “Gosto bastante de fazer as fezes o que por vezes me desgosta em tão para mim querido processo é ter que fazer face aos eventuais resquícios provocados por tão ditosa produção”. Mas como facilmente se pode verificar não é uma linguagem eficiente. Se o vernáculo foi inventado por alguma razão foi. Eu quanto a mim, é uma sintetização! Digamos que uma aproximação à eficácia da matemática!

Bem! Estou a partir do pressuposto que toda a gente gosta de cagar - se não gostam deviam gostar e alegrar-se porque é sinal de boa saúde a não ser que façam demasiadas vezes merda! Eh!Eh! – e que, pelo menos a maioria, não gosta de limpar o cu! Por isso é que no título falei em problemática axiomática! Que isto eu não uso as palavras só por utilizar! Sei muito bem o que estou a fazer! Eh!Eh! Pronto sei mais ou menos! Ainda não estou a ver bem onde esta conversa vai parar mas a algum sítio irá dar! Como agora já se utiliza o computador e não o papel, pelo menos para limpar o cu já não vai servir! O que é muito bom porque provavelmente, e por uma questão de principio, se eu não gostar do desenrolar da conversa e estivesse a utilizar papel lá teria que o utilizar para limpar o dito cujo! E se já de si é chato então com papel sem ser de higiénico é que era mesmo fodido! Gosto desta expressão: “o dito cujo!”! Outro eufemismo! No que trata dos princípios básicos do ser humano é só eufemismos! Mas gosto da expressão porque quando a utilizamos até parece que estamos a falar outra língua! Ou a dizer outra coisa! Como se não quiséssemos que o interlocutor percebesse o que estamos precisamente a dizer! Imaginando que o interlocutor não percebia o que estávamos a dizer então para o que o estávamos a dizer? Mas por outro lado, se o interlocutor percebe perfeitamente o que estamos a dizer, porque que não então a hombridade de assumir o que dizemos e utilizar a eficácia da linguagem vernacular que melhor descreve o que precisamente pretendemos dizer? Isto claro quando se impõe a utilização da dita cuja! Eh!eh! Ainda não tenho a certeza se acabei de fazer um trocadilho ou qualquer coisa do género, que eu não sou muito entendido nestas técnicas!

Retomando então o axioma: “ Cagar é fixe o fodido é limpar o cu!”, já chegamos a várias conclusões sobre como fixe é cagar e muito poucas sobre como fodido é limpar o cu! Mas ainda me vou prender um pouco mais na primeira parte deste meu axioma! Que isto tudo acaba por ser relativo e agora estou na dúvida se é realmente um axioma ou não. Mas como estou a falar de merda se é axioma ou não provavelmente também não é importante. Depois, eventualmente, logo me prendo na segunda parte - mas espero que pouco porque acaba por ser fodido eh!eh!. O que nos dá então mais prazer em cagar? Sabermos que o organismo funciona e se cagamos estamos vivos? Do tipo cago logo existo!? Estarmos num daqueles raros momentos de comunhão com o nosso corpo em que se nos desperta a consciência da matéria orgânica que nós somos e de quem por vezes nos esquecemos como se não fossemos? - O que, suponho, poderá conferir a possibilidade da existência de uma alma! Se nos esquecemos do corpo é porque então temos algo mais importante com que nos preocupar… Mas isso fica para uma outra erudição minha eh!eh!. Estarmos sós!? Supostamente! Há pessoa que podem gostar de companhia mas isso já sai do âmbito desta análise e portanto não tenho nada a ver com o que cada um faz quando caga eh!eh! – Há os que só pensam, os que lêem, os que fumam, os que trabalham no computador ou utilizam o telemóvel etc.. Eu pessoalmente gosto de ler e fazer o sudoku!. Mas retomando o estar só! Esse estar só é como que uma tomada de consciência do nosso ser? Tipo Ioga!? Eh!Eh! Agora até estava a fazer a analogia entra os mantras e o esgar ruidoso que o pessoal faz quando está de aperto! E por falar em aperto… não será então pura e simplesmente a sensação de alívio perante um aperto? Não sei! Mas ficam as questões no ar! E olhem que são questões pertinentes! Pois se cagamos ou devíamos cagar todos os dias então, sendo algo que recorrentemente fazemos, é importante! Eu pelo menos acho importante se não não me dava a este trabalho todo! Que isto de pensar sobre o cagar pode parecer simples mas não é eh!eh! Quantas pessoas é que afinal já falaram sobre merda? Muito poucas! Logo não tenho base ou referência bibliográfica!

Não menos importante é a problemática de limpar o cu! Aliás na minha opinião aí é que está precisamente o problema! O que confere afinal acidez a tão necessária prática? Não sei mais uma vez! O que sei é que não gosto! Por isso vou ver se me lembro de algumas guidelines e depois quem quiser dar-se ao trabalho de pensar sobre isso que pense! Um problema que se coloca é a inconveniência daqueles bocadinhos pequenos de papel que se prendem teimosamente onde não se deviam prender – e isto assumindo o benefício do papel higiénico. Por acaso agora pensando bem sobre isso o pessoal que fabrica papel higiénico é capaz de perceber um pouco sobre cagar! Pelo menos têm essa obrigação! E eu a dizer que não tinha referência bibliográfica! Se calhar até tenho e não sei! Bem mas agora já é tarde! Já comecei e não me apetece andar à procura de teorias que só falem de merda! Retomando… deixa cá ver … ah! A impressão! Não sei! Aquilo faz-me impressão! Deve ser porque não estamos preparados fisiologicamente para o papel… será que com ervas ou folhas é menos chato? Não sei e não estou a ver bem porque faz tamanha impressão! Talvez, e falando do ponto de vista puramente físico, porque o musculo (aquela parte mais sensível) estava a fazer um determinado tipo de movimento e habituou-se e agora de repente tem que fazer um movimento completamente novo e diferente? Sinceramente não sei! Pronto temos sempre o pessoal que prefere lavar o cu depois de cagar! Mas isso já são outras histórias. Eu pessoalmente nunca experimentei e não tenho vontade por isso não sou a pessoa mais indicada para falar sobre a dicotomia água/cu no pós-cagar. As guidlines não foram muitas mas também não me lembro de mais nenhumas! Acho que vou ter que pensar melhor sobre o assunto! Ou então cagar na cena! Eh!eh! Este tema por acaso dá quase possibilidades infinitas de duplos ou triplos sentido. Mais outro ponto a favor da linguagem vernacular. Não sei! Acho que vou criar um grupo no Facebook: “Grupo a favor da inclusão da linguagem vernacular no dicionário da língua portuguesa para as famílias, as empresas e o Estado poderem aproveitar o advento da eficácia da sua utilização e contribuirmos todos juntos para o aumento da eficiência de Portugal e sua subsequente subida na cadeia de valor e competitividade internacional para que os dividendos daí retirados permitam uma melhor repartição da riqueza e uma subida no rating internacional e paguemos menos de prestação da casa e sobre mais para bebermos umas minis” eh!eh! Muito jogo hem?! Não é fácil!

E agora mais um sonetezito, desta vez sobre o cagar, que ando numa de aprender sonetos e tenho que os praticar!

Cagam o rei, a rainha, a bonita e o feio!
O padre e o presidente e até o mendigo!
Empenho por igual é necessário no arreio
das impurezas pendentes para desabrigo!

Se gostam ou não gostam? Eu acho que sim!
A tarefa tão necessária ao menos que haja gosto!
Mas o cagar até nem é a parte mais ruim!
Limpar é que é o fodido para o cu assim exposto!

Como cagam não faço eu a mínima da ideia.
Nem certeza faço se com a mesma firmeza!
Se em sanita de ouro, no campo ou na areia

pouco importa pro cagar deles sua grandeza!
O que sei é que é bom a sensação desse alívio!
Já não gosto é do papel e do cu em seu convívio!

E pronto depois destas voltas todas acabei por inferir sobre o próprio axioma o que sinceramente não sei se faz dele um axioma ou se agora é que fez dele um axioma. Mas isso também não me interessa! O que interessa é que me diverti! E o que interessa ainda mais é que “cagar é fixe e o fodido é limpar o cu”!

Da democracia não democraticamente democrática (Parte I eventualmente – e isto se existir a parte dois ou mais qualquer outra parte. Se não existir não é de parte nenhuma)

Vamos lá a ver se consigo escrever alguma coisa sobre o que penso da democracia … Primeiro não é verdadeiramente democrática. Aliás, na minha opinião, se fosse verdadeiramente democrática não era democracia. Já estávamos num nível tal em que nem pensávamos em democracia. Portanto a democracia não é democrática nem nunca será.

Mas imaginando o mal menor, ou seja: a democracia aproximada da democracia que por sua vez nunca será democracia porque lhe falta a democracia. Esse mal menor, que tão simplesmente agora referi, seria qual? A democracia bem entendido! Mas uma democracia aproximada de uma não democracia verdadeiramente democrática, se bem me faço entender…

Bem agora que já me confundi a mim e provavelmente a alguém que esteja a ler esta panóplia de ideias aparentemente desconexas, acho que já me sinto preparado para verdadeiramente falar sobre a verdadeira democracia que eventualmente… não… obrigatoriamente terá que ser democraticamente democrática para deixar de ser democracia.

Ah! Agora já não me apetece… logo falo prá próxima. Quando me apetecer…

Já agora um poemazinho sobre a democracia não democrática

A democracia não democrática
é na verdade uma democracia
de ideologia democrática vazia
e de vazia ideologia democrática.

A democracia não democrática
é democraticamente alegoria
de democrática democracia
democratizante da democrática.

A democracia democraticamente,
sendo ideologia democratizada,
é democracia deontologicamente
democrática de democracia ostracizada.

É que a democracia verdadeiramente
democratizada não é democratizada.

O ratinho

Havia um ratinho, lá muito longe de mim e dos meus, tão longe, tão longe, tão longe, que acabava por estar demasiado perto para meu gosto, que tinha um vicio semi-oculto de si, que era recolectar e juntar tudo e mais alguma coisa que lhe aprouve-se e que desfasada de qualquer tipo de significado, utilidade ou mesmo simbolismo oculto, absolutamente não lhe servia para nada! Mas o vicio era mais forte que o seu espírito de ratinho e assim não se conseguia afastar dessas tarefas semi-organizadas e instintivas que de tão instintivas se tornavam subconscientes e até mesmo prementes e de tão prementes, na minha modesta opinião, se tornavam, em certa medida, até mesmo dementes – mas isso provavelmente são outras histórias e análises que não são para aqui chamadas. Eu pelo menos não as chamei, se elas vieram foi porque quiseram. E com isto não digo mais nada.

Eu disse que não dizia mais nada acerca das outras histórias, que não foram chamadas à conversa, bem entendido! Sobre esta história ainda vou dizer mais qualquer coisita. Pelo menos o que me aprouver na quantidade que me aprouver e quando me aprouver e eu bem entender, que ninguém tem nada a ver com isso! É só entre mim, a história, o ratinho provavelmente, e só se lhe apetecer, e mais alguns convivas que queiram aparecer. Não muitos! Só os suficientes! Que se são muitos possivelmente ainda se me acaba a vitualha e torna-se uma chatice. E por falar em chatice e depois também é sempre uma chatice ter que arrumar as coisas quando a festa acaba e o pessoal se vai embora.

Ora vamos lá ver do que é que estava eu a falar?! De um homenzinho… de azevinho… de um menino… era qualquer coisa em ino ou inho… está na ponta da língua… Ah já me lembro! Era do ratinho e das suas pancadas por querer ter tudo o que mexe, não mexe ou está assim assim pouco mais ou menos na duvida se se mexe ou não mexe. Mas mais uma vez essa duvida não é do ratinho por isso também não é para aqui chamada. De vez em quando tenho esta tendência para me perder nas ideias não sei bem porquê! Mas muito provavelmente é porque ideias não me faltam ou então não tenho organização ou método ou seja o que for para me poder concentrar num raciocínio por si mesmo sem me preocupar com outra coisa qualquer. Eu bem tento fazer uma coisa de cada vez, sempre ouvi dizer que era o melhor, mas dou por mim a fazer várias coisas ao mesmo tempo e depois umas ficam pelo caminho e outras pelo caminho ficam e as que acabo encaminharam-se de tal forma que parecia que não as estava a fazer. E com isto continuo sem falar do que quero e consegui mudar três vezes de assunto e nenhum deles acabei. Possas pá! Vou mas é acabar o parágrafo para ver se pelo menos acabo alguma coisa. Bom bom era acabar com o não acabar!

Não sei se depois desta complicação toda o ratinho ainda tem vontade que eu fale dele! È capaz de achar que não sou a pessoa mais indicada! Que sou por assim dizer um pouco confuso! Mas agora pus na cabeça que hei de falar do ratinho e vou falar do ratinho! Que eu sou teimoso! Que também quando ponho uma coisa na cabeça ela fica lá! Ai se fica! A não ser que entretanto saia. E como saiu já não ficou! Pronto! Já lá vou eu andando por caminhos e ruelas que não são os do ratinho nem os meus! Pareço um turista pá! Sempre a andar de um lado para o outro e com a cabeça a olhar para a lua! Se for de noite claro! E se não estiver nuvens! E se o enquadramento o permitir! Hum é melhor dizer que pareço um turista sempre com a cabeça no ar e pronto! Retomando então à terra! Decidi que no próximo parágrafo vou falar do ratinho dê por onde der e não vou falar de mais coisa nenhuma. Neste parágrafo já não vale a pena! Já está quase no fim! E se o ratinho não quiser o problema é dele que estamos num país democrático e eu falo sobre o que me apetecer e bem (ou mal) entender! Mesmo que não seja ouvido! Ele que me processe se não gostar da conversa, ou eu abusar de mau feitio, ou mesmo se disser alguma verdade que lhe seja inconveniente!

O ratinho! O ratinho? O ratinho. O ratinho? O ratinho! O ratinho!? O ratinho… O ratinho! O ratinho. O ratinho! O ratinho!? O ratinho. O ratinho!.. O ratinho? O ratinho! O ratinho! O ratinho! O ratinho! O ratinho!... O ratinho! O ratinho? O ratinho! O ratinho. O ratinho… O ratinho? O ratinho: O ratinho; O ratinho; O ratinho. O ratinho! O ratinho? O ratinho… O ratinho,… O ratinho! O ratinho???! O ratinho… O ratinho? O ratinho…. O ratinho! O ratinho! O ratinho! O ratinho! O ratinho! O ratinho.

Bem! Agora que já cumpri a minha promessa e levei um paragrafo todo a falar só do ratinho vamos lá então falar do ratinho! Eh Eh estava a brincar! Mas como sou teimoso e fiz a promessa de só falar do ratinho e tenho tendência para me perder pelo caminho e não acabar o raciocínio, esta foi a única forma que encontrei de falar só sobre o ratinho. Se bem que bem vistas as coisas acabei por não falar só sobre o ratinho! Estava muito mais subentendido para alem do ratinho. Reparem na minha inteligência! O Ponto de exclamação! A forma como coloquei o ponto de exclamação! Todo o significado e intensidade que dei à palavra “ratinho”! E para alem disso para mostrar ainda mais que sou inteligente por vezes enveredava pela filosofia! A questão! O questionamento! Será que o ratinho é o ratinho? E depois a conclusão ainda mais inteligente e enfática a que chegava: sim é o ratinho! Cheguei mesmo por vezes a ser conclusivo-dogmático impondo logo ali a minha respeitável opinião e não criando condições para que sequer duvidassem de tão grande, eloquente e elegante sapiência. Mas como ainda sou mais inteligente do que isso, por vezes ainda deixava no ar a hipótese reticente de o ratinho não ser o ratinho. É que isto de escrever sobre o ratinho tem muito que se lhe diga. E como ele anda um pouco chateado comigo – como disse ele começa a duvidar da minha capacidade para falar sobre ele - nada melhor do que me mostra arguto filosófico-cientifico-poeticamente (e sabe-se lá mais o quê) para que ele me respeite enquanto individuo com altas capacidades para falar dele. Dele o ratinho bem entendido!

A verdade é que já não sei se me apetece falar sobre o ratinho! Logo eu que até tenho um certo jeito para a poesia e era capaz de até lhe fazer um poema… Um soneto talvez! Daqueles todos xpto! (Pssss: tou-me a fazer de difícil que já ouvi dizer que o ratinho afinal sempre quer que eu fale sobre ele. Que é para ele ver com quem é que se meteu! Não quereria que eu falasse sobre ele! Onde é que isto já se viu! Logo eu que sou um dos maiores faladores de ratinhos - como foi visto no penúltimo parágrafo e com a subsequente explicação de toda a teoria enformadora de tão magnificente e excelsa conversação! Duvido até que haja alguém que fale tão bem e eloquentemente de ratinhos como eu! Podem saber mais de ratinhos! Isso não duvido! Aqueles senhores e senhoras que fazem aquelas experiencias malucas e que são das biologias e coisas do género! Ah e aquele russo o qualquer coisa ov.. Sim esses sabem definitivamente mais de ratinhos do que eu! Mas eu! Eu minhas senhoras e meus senhores eu tenho o je ne sais quoi que eles não têm! Tenho dentro de mim a alma de um verdadeiro ratinho! Daqueles que andam todos contentes pelos campos a saltitar de poiso em poiso a fugir dos gatinhos e coisas afins! Mas isso como veremos adiante – se me apetecer – será obvio! Portanto, e posto isto, quem melhor do que eu para falar do meu amigo ratinho! Sim porque se me revejo nele e já há uma certa proximidade então posso com certeza lhe chamar amigo! Mesmo que ele se esteja marimbando para mim e para o que eu ache dele! Suponho que o que lhe interessa mesmo é a publicidade! A ver vamos se não lhe sai o tiro pela culatra!).

Eh pá já começo a ficar farto disto e desta confusão toda à volta de uma coisa simples! Mania de complicar pá! Vamos lá directos ao assunto. Primeiro ponto: O que já falei eu sobre o ratinho? Resposta: a) de tão longe estava demasiado perto!; b) tinha ou tem um problema com o querer tudo (mesmo o que não lhe faz falta); c) preocupa-se em demasia com o que as pessoas pensam dele (por isso é que andava na incerteza se eu era o individuo mais apropriado para lhe descrever as ratonices e se calhar também por isso é que quer tudo e mais alguma coisa). Segundo ponto: O que me falta escrever sobre o ratinho? Resposta: Não sei! Ah é verdade! Antes que me esqueça. Já me lembro do nome do russo! Era o Pavlov. Acho que vou escrever um poema ambíguo – o tal soneto xpto - e acaba-se já a conversa sobre o ratinho. E quem percebeu percebeu. Quem não percebeu percebe-se.

O ratinho quer tudo o que mexe
e o que não mexe e assim assim!
Olha ratinho isso não é assim!
Já viste que te tornas agreste?

Para quê tanta coisa se não faz falta?
E o mais importante ò ratinho?
A felicidade não está nesse caminho!
Salta de poiso em poiso! Anda! Salta!

Não te prendas que não levas nada!
E se os ratinhos fossem todos iguais?
Roubavam-te e roubavas os demais?

Não te prendas que não levas nada!
Encontra lá qualquer coisa a dividir
que enriqueça todos ao se repartir.

Afinal o soneto não é todo xpto nem por aí alem ambíguo por demais (é pena eu gosto especialmente da ambiguidade para me por a pensar! È tipo o I Ching dos pensamentos - um oráculo sobre o nosso pensar baseado no nosso pensamento eh!eh!). De qualquer forma do que queria avisar o ratinho é que a beleza do diamante não está no seu valor. Alem disso não é prático ter muita coisa. Para começar é confuso e depois imaginemos que o ratinho vai todo contente a passear pelo campo e se lhe depara um gato pela frente! Caput! Pois claro! E aí já não há coisa alguma para levar! A não ser que queira ser apanhado pelo gato eheh! Outro exercício interessante é pensar que todos os ratinhos são iguais nesse sentido de querer tudo e mais alguma coisa! Felizmente que sabemos que não é assim. Mas imaginemos por instantes que era. Teríamos um conflito de interesses e andavam todos à guerra! Vamos mas é lá a ver se os ratinhos encontram qualquer coisa simples e que seja divisível por todos! Em que os que dão ficam mais ricos! Procurem a simplicidade da existência ratinhos! Vá ide-vos e procurem! Eh!Eh! Não resisti! Sinto-me, em certa medida uma mistura de padre dos ratinhos com um Pavlov! E para ti meu bom ratinho um grande bem-haja! Eh!Eh! Eu sei a parte do bem-haja parece bué foleiro. Mas então apeteceu-me! Não posso fazer nada!

Da inspiração

Não vale a pena lutar contra uma coisa que vai e vem.
A inspiração é uma mulher muito susceptível! Muito sensível!
O que digo é q a inspiração é de luas …amua com facilidade. Mas quando se revela em toda a sua glória irradia-nos de luz e prazer divino.
Não se luta contra ela. Não se chama por ela. Ela aparece quando bem deseja
A inspiração é yin. É o espírito feminino. É algo de suave
É o maternal que nos abraça no seu regaço
É uma mãe não um pai.
Um pai serão outras coisas, mas a inspiração faz parte da mãe.
Acumula em cada vivencia o seu leite materno para que quando tenhamos fome nos alimente e sacie.
- Olha ficou benite! Axo q vou escrever isto pra n me esquecer!