E também alguns mini contos prodigiosos

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A certeza de alguém que não se deixa-se levar….

Tive uma vez uma namorada, uma companheira fugaz de vida esperanças e dores, que amava. Que amava mesmo. Acho… Que amava como se ama a nós próprios. Como se ama a nossa carne. Como amamos mais que nós próprios. Como amamos o desejo de nos transcendermos e sermos mais do que supostamente deveríamos ser… E chega. Não preciso dizer mais nada sobre quanto a amava. Para quê? Utilizaria mil palavras estilos e formas e não conseguiria dizer o que realmente quero dizer. Por isso vou-me sujeitar à palavra: Amava uma mulher (jovem adolescente) que foi minha namorada. E quando uma vez me perguntaram ironicamente: - depois de ter dito: aqui neste gimnodesportivo está ela a jogar Volei – mas é a tua namorada ou a rapariga em que pensas quando bates punhetas? -, e eu respondi, na minha inocência e orgulho dos 16 anos e poucas experiências sexuais: - é a minha namorada e em quem eu penso quando bato punhetas- disse tudo.

O problema é que não sabia isso. Era burro para o futuro. Burro não! Era ignorante. Não sabia que haveria poucas ou nenhuma como ela… E não foi o meu primeiro amor… O problema é que achava que era atraente que poderia ter as mulheres que quisessem. Quem me apetecesse. E era tímido hem!!! E não percebia que não é uma questão de quantidade. Acho que precisava de descobrir outras mulheres. Não estava maduro para o amor. O amor é uma questão de amadurecimento igual. De visionamento idêntico. Olhamos para uma brecha do espelho do futuro, do presente e do passado e vemos a mesma projecção pronta a ser colhida pelo contrato estipulado.

Já amei muitas mulheres mas por uma razão ou por outra o romance não continuou. E fui-me com o coração despedaçado. Muitas vezes sem elas o perceberem sequer… “Santa Ignorância!”. Sou caranguejo. Que mais posso dizer?! Já viram um caranguejo? Com a sua carapaça dura a proteger um interior mole e facilmente sofrível. É assim que os caranguejos são! Duros e escondidos para proteger o sofrível.

Mas esta namorada era especial. Ainda me lembro a primeira vez que a vi:
Estava na escola secundária a acabar uma aula de programação informática. Daquelas aulas que por apelar à criatividade existe uma certa liberdade… e como que uma voz me sussurrou à alma e disse: - olha. E eu instintivamente olhei. Ali estava ela! Bela como só as flores o são na primavera. Mas não vi a sua beleza. Acho isso agora… ou achei depois…

Cabelo preto encaracolado em saca-rolhas, lábios carnudos (não em demasia) e suaves. Simetria perfeita nuns olhos castanhos verde azeitona que me olhavam com brilho e ternura… A bela musa do mediterrâneo! A mais bela mulher que meus olhos alguma vez alcançaram… tirando a minha mãe claro! Pensando nisso acho que a minha mãe tem uns olhos iguais. Os olhos típicos de algumas das mulheres mediterrânicas. Castanhos, mesmo pretos se tristes ou chateadas e verdes azeitona brilhantes quando alegres ou calmas naquela calma de plenitude ascética.

Quando olhei não vi mais nada que uma luz. A Aura se assim se pode chamar. E nada mais vi à volta. Fiquei cego para tudo o que me rodeava e poderia o universo inteiro ali acabar naquele instante que eu não o conseguiria ver e desapareceria talvez com uma última imagem. O da aura de minha amada. E ali estava ela sorrindo para mim com um brilho no olhar que só os apaixonados conseguem ter.

Quando finalmente a consegui namorar era o homem mais feliz do mundo. Que todos fossem como eu que não os invejaria. Que nada tivesse para comer que mesmo assim não invejaria o dono de palácios. Tinha a única coisa que queria ter: - o amor da mulher que amava.

O resto não conto… digamos que não é minha namorada há muitos anos. Jogos palacianos que se aproveitaram da minha facilidade em ser levado pelas mulheres, naquela época. Sim porque são as mulheres que levam os homens e não o contrário. Os homens só se deixam ir ou não. Mas eu deixava-me e havia outro que a amava. Ela preferiu a certeza de alguém que não se deixa-se levar….

Espero sinceramente que esteja feliz.

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